O meu Alentejo
Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…
Andam asas no ar; e raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…
Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,
Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!
Florbela Espanca - Trocando olhares - 1916
Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, no dia 8 de Dezembro de 1894.
Poetisa portuguesa caracterizada pela sua marca de melancolia, consegue transformar as suas inquietações e tristezas em maravilhosa poesia.
Alguns consideram que esta poetisa é extremamente nostálgica, outros apaixonam-se pela veracidade dos sentimentos que exprime na sua poesia, o que faz com que os diversos poemas que escreveu se mantenham vivos.